quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

FALANDO SERIO! OBESIDADE X DEPRESSÃO...


Depressão X Obesidade

Encontrei essa reportagem muito interessante sobre antidepressivos e quais suas consequências  em mulheres latinas.  A reportagem foi baseada em uma pesquisa encomendada por dois institutos de renome, o IBOPE e o Instituto Nielsen.  No total, foram entrevistadas 1100 mulheres nos cinco países latino-americanos envolvidos.
Esse estudo pretendeu entender a percepção da população feminina sobre a depressão na América Latina e confrontar essa percepção com o impacto real relatado. Um índice elevado das 300 mulheres brasileiras entrevistadas, respectivamente, 97% e 94% concordaram com as frases de que a depressão pode alterar o apetite, levando ao aumento do peso e também diminuir o desejo sexual.
Quanto aos efeitos colaterais dos antidepressivos, 45% das 1100 mulheres latinas entrevistadas acreditam que os antidepressivos aumentam o peso, enquanto que 49% acreditam que os antidepressivos diminuem o desejo sexual.
Tratamento para depressão: Antidepressivo é o único responsável pelo aumento de peso?
por Joel Rennó Jr.
"Ao analisarmos se o antidepressivo é o único responsável pelo aumento de peso em mulheres em terapêutica antidepressiva, temos que analisar, com cuidado, os múltiplos efeitos dos antidepressivos na mudança de peso corporal e as dificuldades ainda existentes em obter uma conclusão definitiva sobre esta importante questão que envolve o tratamento"No último Congresso da Associação de Psiquiatria da América Latina (APAL), realizado em novembro de 2008 na Venezuela, uma pesquisa apresentada teve um grande impacto entre os participantes: o estudo DELA (Depresión en Latinoamérica).
Esse estudo pretendeu entender a percepção da população feminina sobre a depressão na América Latina e confrontar essa percepção com o impacto real relatado. O estudo foi conduzido por dois institutos: a primeira parte pelo IBOPE, constituído por mulheres em geral avaliadas no Brasil, Chile, Colômbia, Venezuela e México e a segunda parte pelo Instituto Nielsen que avaliou mulheres com depressão no Brasil, México e Venezuela.

No Brasil, foram avaliadas cerca de 300 mulheres (São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre), entre 35 a 55 anos, pertencentes às classes A e B. Em outros países, foram utilizadas classes sócioeconômicas semelhantes. No total, foram entrevistadas 1100 mulheres nos cinco países latino-americanos envolvidos.
Mulher brasileira é a que mais reconhece depressão como doença
As brasileiras foram as que mais reconheceram a depressão como uma doença.
Outro fato relevante constatado, é que a maioria das mulheres crê que a depressão é uma doença temporária, o que contradiz os dados científicos dos estudos atuais que demonstram ser uma doença crônica. No Brasil, a maioria das mulheres se informa sobre a depressão pela Internet (31% delas) e por revistas (26%).
Sintomas associados à depressão
No grupo em geral, a tristeza, a melancolia e o desânimo são os sintomas mais associados à depressão, em 78% das mulheres entrevistadas. Já as alterações do sono e diminuição do desejo sexual, embora importantes para o diagnóstico de depressão, são pouco relatadas pelas mulheres, mesmo as deprimidas (cerca de 3% apenas associam tais sintomas à depressão).

Quando as mulheres foram estimuladas, por frases faladas, em alguns itens, elas demonstraram concordância e um bom nível de conhecimento sobre a depressão como:

1) a mudança do apetite;

2) diminuição do prazer pela vida;

3) diminuição de atividades de hobbies;

4) piora do desempenho no trabalho;

5) isolamento de amigos e familiares.

As mulheres latinas quando estimuladas na entrevista também concordaram que a depressão diminui o desejo sexual (destaque para as brasileiras), que pode ocorrer mais nas mulheres menopausadas e que tem um impacto maior nas mulheres quando comparadas aos homens. A maioria também não concorda (felizmente!) que a depressão atinge mais os ricos que os pobres, em especial as brasileiras.

Opiniões divididas ocorreram quando a entrevista abordou a possibilidade de que a as mulheres deprimidas sejam mais frágeis que as não deprimidas. 45% das mulheres concordaram com tal afirmativa (destaque para venezuelanas, mexicanas e colombianas) enquanto 54% das entrevistadas não concordaram (no Brasil, a taxa foi de 79%).

Um índice elevado das 300 mulheres brasileiras entrevistadas, respectivamente, 97% e 94% concordaram com as frases de que a depressão pode alterar o apetite, levando ao aumento do peso e também diminuir o desejo sexual.
Brasileira é a que mais reconhece necessidade de tratamento para depressão

As brasileiras também foram as que mais se destacaram quanto à necessidade do tratamento para a depressão.

95% das brasileiras acham que a busca por ajuda médica é fundamental, portanto são as mais conscientes a respeito do tratamento. Entre todos os tratamentos apresentados, as brasileiras são as que mais participam de tratamentos indicados como psicoterapias (64%), acompanhamento por médicos psiquiatras (55%), tratamentos com antidepressivos prescritos por médicos (48%) e exercícios físicos (44%).

Eficácia de antidepressivos
A maioria das mulheres latinas considera os antidepressivos eficazes para o tratamento da depressão (65% entre as depressivas). As brasileiras são as que mais crêem na eficácia dos mesmos (73%).
Latinas creêm no aumento de peso devido ao uso de antidepressivos

Quanto aos efeitos colaterais dos antidepressivos, 45% das 1100 mulheres latinas entrevistadas acreditam que os antidepressivos aumentem o peso enquanto que 49% acreditam que os antidepressivos diminuem o desejo sexual.
Por que elas abandonam tratamento antidepressivo?

Entre as causas de abandono do tratamento antidepressivo, nas brasileiras destacam-se:

1) Sentimento de que estão melhores e não necessitam mais do tratamento (73%);

2) Aumento de peso (30%);

3) Perda de desejo sexual (17%);

4) Mal-estar e náuseas (16%).

Portanto, o estudo DELA nos indica, em relação à América Latina, que o estigma relacionado à depressão é elevado. Notamos que o conhecimento das brasileiras sobre a doença é maior quando comparadas às mulheres dos outros países latino-americanos. Apesar do conhecimento e informação, ainda notamos uma baixa aderência ao longo do tratamento. Muitas mulheres brasileiras acreditam que o aumento do peso é um dos responsáveis mais importantes.
Antidepressivo realmente causa aumento de peso?

Na minha prática clínica, realmente, tal preocupação justa das mulheres é confirmada. Muitas já vêm ao meu consultório com medo e angústias relacionadas a tal “possibilidade”. Relatam-me: “Dr, eu não tenho receio de tomar remédio, acho que o tratamento é fundamental, porém, se eu inchar ou engordar vou abandonar o tratamento, tenho uma amiga que tomou antidepressivos por vários anos e engordou dez quilos”.

Antidepressivo X Aumento de Peso é uma área complexa, com muitas informações contraditórias.

Todos os médicos devem ter um conhecimento geral sobre tal tema, já que o uso de antidepressivos é muito comum na população de mulheres não apenas deprimidas e ansiosas, mas para uma outra série de condições clinicas como TPM (tensão pré-menstrual), dores crônicas (como fibromialgia e cefaléia), compulsão alimentar, alterações do sono, etc.

Dos usuários de antidepressivos, 70% são mulheres.
O primeiro conceito é que a depressão é uma doença que pode levar a mudanças no peso influenciadas por fatores específicos da doença como alterações no apetite e na atividade física ou pelo uso de antidepressivos.
A análise dos estudos indicou que a mudança de peso atribuída ao tratamento com antidepressivos apresenta resultados controversos, sendo influenciada por fatores como o tempo de uso e dosagem do medicamento.

Porém, não podemos nos esquecer que a prevalência da obesidade em pacientes psiquiátricos tratados farmacologicamente (não apenas deprimidos, mas esquizofrênicos, bipolares, etc....) é 2 a 5 vezes maior do que na população geral.

A medicação pode levar ao aumento do peso durante a fase de manutenção.
Grupos de antidepressivos

De forma didática e básica, vamos organizar os antidepressivos em três grupos:

1) antidepressivos tricíclicos, mais antigos, como clomipramina, imipramina, amitriptilina, entre outros (ADT);

2) antidepressivos serotoninérgicos, que regulam a serotonina como a fluoxetina, sertralina, citalopram, escitalopram e paroxetina (ISRS);

3) antidepressivos de nova geração, com outros mecanismos de ação como a bupropiona, a mirtazapina, a venlafaxina e a duloxetina (ANG).

Por que antidepressivo age no aumento de peso?
Pode haver vários mecanismos psicofarmacológicos responsáveis pelo aumento do peso devido à ação direta dos antidepressivos:

1) Diminuição do neurotransmissor dopamina no hipotálamo que aumenta o apetite;

2) Diminuição da estimulação do receptor de serotonina 5HT2C;

3) Diminuição da estimulação do receptor histaminérgico H1, que leva a uma insensibilidade à ação da leptina (a leptina, do grego leptos = magro, é uma proteína secretada por adipócitos e que age no sistema nervoso central (SNC) promovendo menor ingestão alimentar e incrementando o metabolismo energético, além de afetar eixos hipotalâmico-hipofisários e regular mecanismos neuroendócrinos) que causa aumento da procura de alimentos e aumento de peso;

4) Diminuição da estimulação do mensageiro químico cerebral acetilcolina (neurotransmissor). É um dos fatores que podem contribuir para o aumento de peso, junto com os outros relatados.

Até pouco tempo atrás, paradoxalmente, os antidepressivos serotoninérgicos como a fluoxetina e a sertralina possuiam um papel coadjuvante ao tratamento antiobesidade - segundo o Consenso Latino-Americano de Obesidade e o Consenso Brasileiro de Diabetes. Felizmente, isso caiu por terra, já que o emagrecimento ou perda de peso inicial, geralmente pela diminuição do apetite provocada no início do tratamento, não se mantém, pelo contrário, no longo prazo pode haver até um aumento pequeno de peso.

Com relação aos ADT há ganho de peso durante o tratamento agudo (6 semanas iniciais). No período de manutenção, observa-se também aumento de peso corporal, porém, sem diferenças em relação ao grupo controle em alguns estudos.
O ganho de peso é muitas vezes relatado como resultado da melhora do quadro depressivo pelo uso da droga, levando a mudanças no apetite e não, simplesmente, decorrente de um efeito colateral da medicação.
Quanto aos serotoninérgicos (ISRS), a perda de peso costuma ocorrer nas primeiras seis semanas de tratamento, devido à diminuição do apetite. No longo prazo, a mudança de peso parece ser o oposto, com ganho de peso que nem sempre é relacionado ao efeito colateral da droga, mas à recuperação da depressão.

É importante ressaltarmos que dentro de uma mesma classe, como por exemplo, os antidepressivos serotoninérgicos ou tricíclicos, certas drogas apresentam maior risco de mudança de peso que outras. Entre os serotoninérgicos, nitidamente a paroxetina aumenta o peso mais que a fluoxetina e a sertralina, com ganho ponderal acima de 7% em relação ao peso. Em um grande estudo de metanálise, de 54 semanas de duração, a sertralina não foi diferente do placebo (substância inócua, uma pílula de farinha) em relação ao ganho ponderal.

Quanto aos antidepressivos de nova geração (mirtazapina, bupropiona, venlafaxina e duloxetina) temos também diferenças importantes entre as drogas. Enquanto, por exemplo, a bupropiona e a venlafaxina são neutros, a mirtazapina não é, levando sim ao aumento de peso no tratamento de manutenção, até com ganho ponderal acima de 7%.

Portanto, ao analisarmos se o antidepressivo é o único responsável pelo aumento de peso em mulheres em terapêutica antidepressiva, temos que analisar, com cuidado, os múltiplos efeitos dos antidepressivos na mudança de peso corporal e as dificuldades ainda existentes em obter uma conclusão definitiva sobre esta importante questão que envolve o tratamento. Já que muitas mulheres simplesmente abandonam o tratamento antidepressivo por esta questão prioritária em suas vidas e nem sempre são adequadamente informadas e orientadas de todos os aspectos envolvidos, até com os cuidados nutricionais e atividades físicas que devem fazer parte do tratamento.


Joel Rennó Jr.
Doutor em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP. Coordenador do Projeto de Atenção à Saúde Mental da Mulher-Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein-SP (HIAE)
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Um comentário:

  1. Oi amiga!Bem vinda ao mundo dos blogs!!!
    Eu sou sua primeira seguidora e amei seu blog..
    Ta lindo e as matérias estão o máximo..
    Adorei as duas de moda praia, já falei disso tb em meu blog inclusive colocando minha própria foto de biquini no blog p estimular as fofas..
    E quanto a essa matéria de depressão está mto show..Mto bom informar..Bem eu tive depressão na adolescencia..mas n tomei nem antidepressivo e nem fui no psicologo..me agarrei em Deus arrumei forças interiores, recuperei minha auto-estima e me curei..beijos

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